terça-feira, 27 de agosto de 2024

Sindicato de jornalistas denuncia “intimidação e ameaça” à imprensa na Guiné-Bissau

FONTE: EXPRESSO DAS ILHAS

Ameaça, intimidação, humilhação pública e apreensão. É este o ambiente laboral dos jornalistas na Guiné-Bissau, devido “a estratégia adoptada pelas autoridades” para colocar em causa a liberdade de imprensa, denunciou hoje o sindicato que representa a classe.

Em declarações à Rádio Morabeza, Diamantino Lopes, Secretário-Geral do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau, traça um cenário de grave violação à actividade da liberdade de imprensa e ao direito à informação, princípios fundamentais em qualquer democracia.

Fazer a actividade jornalística na Guiné-Bissau impõe-se muita preocupação, porque a estratégia adoptada pelas autoridades ao longo do tempo é baseada na ameaça, na intimidação, humilhação pública e até nos raptos e espancamentos. Isto associado a destruição de instituições de imprensa, - refiro-me à Rádio Capital. Portanto, essa actividade no meu país exige muita coragem. Não se sabe o que pode acontecer a qualquer momento”, aponta.

A Guiné-Bissau tem vivido vários episódios denunciados como obstáculos à liberdade de imprensa. Um dos episódios mais recentes aconteceu com a presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social do país, Indira Correia Baldé, que foi forçada a abandonar uma conferência de imprensa sobre a cadeia de frio para vacinas, alegadamente por ordem do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

No dia 31 de Julho, duas jornalistas da Rádio Popular e da Rádio Capital foram agredidas pelas forças da ordem quando estavam a cobrir uma manifestação diante do Ministério da Educação. 

Diamantino Lopes fala de uma estratégia de intimidação.

O que se nota neste momento é que há uma abrangência de ataques à imprensa. Isso se refere aos doutos de imprensa que têm uma visão contrária ao regime político vigente no país, que fazem denúncias e que trabalham com maior rigor e maior responsabilidade. Esses grupos de jornalistas são vistos como mau da fita. Estou fazendo essa analogia porque há grupos de imprensa que não passam por essa situação, porque estão alinhados com o regime. Há uma estratégia de dividir para reinar”, diz.

O responsável diz que não há um consenso entre a classe jornalística em termos de liderança sindical, bem como na actuação dos próprios órgãos de comunicação social, o que provoca “a polarização da imprensa e dificulta o trabalho da classe”.

Diamantino Lopes entende que a instabilidade e tensão política e governativa estão na base da situação, com os jornalistas na linha da frente para informar a sociedade.

É necessário restabelecer a ordem constitucional no país. Isso impõe o respeito pelo primado da lei. Temos a nossa Constituição da República que é a lei magna do país. É muito fácil vencer esse desafio desde o momento em que todos observam a lei e actuam nesse limite. Constata-se que estamos muito longe disso, considerando os eventos políticos”, refere.

No sentido de ultrapassar a situação actual na Guiné-Bissau, Diamantino Lopes diz que no dia 11 de Setembro está agendado um Fórum Nacional para discutir o acesso à informação, à qualidade da informação e que estratégias para alcançar a paz duradoura na Guiné Bissau. O evento deve contar com a participação de altos dirigentes guineenses, partidos políticos, sociedade civil e a imprensa.

OPINIÃO: A Guiné-Bissau: as forças armadas e a luta política no contexto actual

Ler notícia completa 👉 AQUI