FONTE: LUSA
GERALDO JOÃO MARTINS, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau
Completam-se hoje três meses do novo Governo guineense liderado por Geraldo Martins. Segundo o jornalista Sabino Santos, apesar de algumas medidas positivas, "falta ao Executivo autoridade" para controlar o país.
Três meses depois da entrada em funções do novo Governo da Guiné-Bissau, vários cidadãos ouvidos pela DW África na capital fazem um balanço positivo.
O Executivo liderado por Geraldo Martins, da coligação PAI - Terra Ranka, começou a tempo o ano letivo 2023/2024 e baixou o preço dos produtos de bens essenciais no mercado.
É por isso que os guineenses se mostram satisfeitos. "Nós vemos o desempenho do Governo em relação à redução do preço dos produtos da primeira necessidade, que é uma mais-valia para a população, porque vai facilitar a sua vida", disse um funcionário público.
Outros projetos
Um professor destaca outros projetos importantes do Governo: "vê-se que está interessado em pôr a iluminação em todos os pontos do país e viu-se recentemente grupos de geradores a serem levados para Bubaque (nas Ilhas), Bafatá e Gabú [no leste do país]".
A redução do preço do arroz, do pão e do peixe enquadram-se no programa de urgência do Executivo, traçado para os primeiros cem dias de governação.
O analista político Rui Landim também dá nota positiva ao Executivo nos primeiros três meses de mandato. Sublinha, no entanto, a existência de "forças de bloqueio" que estarão a dificultar a ação do Executivo. "A ação do Governo ainda é objeto de entraves e perturbações. Nós vimos aqui o caso do pão".
"Braço-de-ferro"
Há um mês, houve um braço-de-ferro entre o Governo e os padeiros, que contestavam a descida do preço do pão. O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, colocou-se do lado dos padeiros. O diferendo levou à escassez do produto.
"E vimos agora a recente invasão do Supremo Tribunal de Justiça e tudo. Quer dizer, são forças do mal e forças de bloqueio. Mas em três meses, fazer isto que o Governo está a fazer, é um trabalho hercúleo."
Recentemente, várias vozes criticaram o Governo pela alegada passividade em relação à invasão, por homens armados, do Supremo Tribunal de Justiça. O Governo só se pronunciou sobre o assunto quase uma semana depois do sucedido.
Ainda assim, o jornalista Sabino Santos elogia a atuação do Executivo até aqui.
Melhor controlo do Governo
"Mas há a necessidade de um controlo melhor do Governo sobre o país, é algo que não tem neste momento. Basta falar da questão do Supremo Tribunal de Justiça e a polémica que se deu na redução dos preços dos produtos de primeira necessidade, para provar que falta ao Governo autoridade para controlar o país" diz o jornalista.
O analista Rui Landim aponta outras falhas no Executivo. "Claro que há algumas falhas que devem ser corrigidas, as nomeações [na administração pública] que não batem com aquilo que é o perfil necessário, mas isto são coisas que passam. Nós estamos sob o domínio de arranjos políticos que devem ser feitos e são custos que se deve pagar para a estabilidade".
Fazem parte do Governo, para além dos cinco partidos da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva, liderada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG).