sábado, 8 de março de 2025

DSP sobre a proximidade entre Macron e Embaló: “Algo está terrivelmente mal”

FONTE: RFI

Ao longo de cinco anos de governação, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, multiplicou as visitas de Estado e encontros com homólogos, apesar da contestação interna.


Em entrevista à RFI, em Paris, Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, questionado sobre esta proximidade entre Emmanuel Macron e Umaro Sissoco Embaló, refere que “algo está terrivelmente mal.


Ao longo de cinco anos de governação, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, multiplicou as visitas de Estado e encontros com homólogos, apesar da contestação interna e das constantes acusações de autoritarismo.


Inclusive, a 27 de Fevereiro, data, segundo a oposição, de fim de mandato, Embaló encontrava-se em visita de Estado na Rússia. Na viagem de regresso ao país ainda parou em França, onde se encontrou com o Presidente francês Emmanuel Macron. 


Em Dezembro, em Paris, Emmanuel Macron atribuiu a Umaro Sissoco Embaló a Legião de Honra, a mais alta condecoração do país. Um título atribuído, 24 horas depois de terem sido agredidos, em Paris, membros da diáspora guineense durante um encontro com Umaro Sissoco Embaló.


A 26 de Fevereiro, membros do "Colectivo da Sociedade Civil da Guiné-Bissau" radicados em França concentraram-se nas imediações da Assembleia Nacional, em Paris, em desacordo com esta condecoração. O colectivo exige a “retirada imediata” da Legião de Honra, uma vez que consideram que “a atribuição da Legião de Honra a Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República da Guiné-Bissau, constitui uma grave violação dos princípios de justiça, integridade e respeito pelos direitos humanos que a distinção deveria consubstanciar.


Em entrevista à RFI, em Paris, Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, questionado sobre esta proximidade entre Emmanuel Macron e Umaro Sissoco Embaló, refere que “algo está terrivelmente mal.


O Presidente da Assembleia Nacional Popular, deposta em Dezembro de 2023, lamenta não ter dados suficientes para justificar esta postura de Paris, todavia sublinha que “um país como a França é conhecido por outros valores. Mas há talvez uma explicação que teria a ver com a dificuldade que a França começou a ter na nossa sub-região. Umaro Sissoco Embaló, sendo um oportunista político exímio, terá identificado isso, terá percebido que a França está a passar por um período de alguma dificuldade em relação a alguns países e apressou-se a se posicionar como um potencial salvador dos interesses da França naquela sub-região. Mas isto não justifica tudo. Eu penso que a França é uma grande potência, tem não só competência, mas tem obrigação de ter mais informação. Só posso considerar que ou é uma terrível falta de informação ou é um desprezo para aquilo que nós representamos enquanto povo e enquanto nação”, remata. 


Entretanto, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, marcou esta sexta-feira, 07 de Março, para 23 de Novembro eleições gerais, presidenciais e legislativas. O Presidente guineense fez o anúncio numa reunião com as forças políticas, na qual não estiveram presentes representantes da Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka).


A oposição exige que o escrutínio seja em Maio, alegando que o mandato de Umaro Sissoco Embaló terminou no passado dia 27 de Fevereiro, cinco anos após a tomada de posse. Por seu lado, Sissoco Embaló tem argumentado que o mandato termina a 04 de Setembro, dia que coincide com a data em que o Supremo Tribunal de Justiça encerrou o contencioso que se seguiu às eleições presidenciais de 2019, nas quais chegou à presidência da Guiné-Bissau.


A Guiné-Bissau vive uma crise política iniciada com a dissolução do parlamento em Dezembro de 2023 e a não realização de eleições legislativas, conforme manda a Constituição do país.

I Torneio Internacional Amizade Cidade de Bissau

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