FONTE: CFM
Em comunicado enviado à Capital FM, esta segunda-feira (03.03), a organização civica Frente Popular (FP) desferiu duros ataques ao Presidente Umaro Sissoco Embaló, a quem acusa de adotar comportamentos de "desespero", ao ameaçar expulsar a missão de "alto nível" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que se encontrava em Bissau.
A Frente Popular diz que Umaro Sissoco Embaló tentou condicionar a agenda dos emissários da CEDEAO, através de "interferências diretas". E ao fazer uma radiografia sobre os últimos acontecimentos na Guiné-Bissau, a FP diz que Embaló está "obcecado à anarquia institucional" e agora mergulhou-se em "oceano de frustrações", por não conseguir os seus objetivos com a missão da organização da África Ocidental.
A organização reafirma a sua posição sobre o fim do mandato de Sissoco Embaló e diz que a Guiné-Bissau está agora num período de interinidade presidencial, "à luz da Constituição da República".
Eis o comunicado na íntegra.
No dia 27 de fevereiro último, o mandato presidencial de Umaro Sissoco Embaló terminou, tendo o país entrado num período de interinidade, à luz da Constituição da República. Vinculado à sua habitual postura de fuga em frente, Sissoco Embaló, de forma premeditada, recusou marcar eleições presidenciais no período previsto na Constituição da República, à luz do Artigo 662, por temer a evidente sanção eleitoral pelo povo guineense.
Obcecado por esquema de anarquia institucional que ao longo de cinco anos impôs às principais instituições republicanas, nomeadamente o Supremo Tribunal de Justiça, a Assembleia Nacional Popular, o Tribunal de Contas, a Procuradoria-Geral da República, o doravante ex-Presidente quis novamente driblar o povo guineense através da mesma tética, ignorando a inteligência e a resiliência dos guineenses.
No mesmo registo, Sissoco tentou condicionar a agenda da missão conjunta de bons ofícios da CEDEAO/ONU, que se encontrava no país para facilitar o diálogo em torno do calendário eleitoral, através de interferências diretas, selecionando com quem a delegação de alto nível devia encontrar-se e com quem não devia. Fracassado o seu intento, o homem mergulhou no oceano de frustração e recorreu ao teatro de sempre, com ameaça aos emissários da CEDEAO e Nações Unidas.
No dia 28 de fevereiro, as suas milícias atacaram cidadãos, familiares, amigos e conhecidos que se juntaram no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira para receber os restos mortais de um dos ícones da música guineense, Américo Gomes, com gás lacrimogéneo e espancamentos, numa brutal e incompreensível atitude de confiscação do cadáver por homens armados, um vergonhoso espetáculo que se prosseguiu até ao funeral, no dia seguinte.
No leque dos desmandos da ditadura sissoquista, no dia 27 de fevereiro, elementos pertencentes à Guarda Nacional raptaram 4 jovens, membros do Movimento Cívico "Pó de Terra", enquanto divertiam na sua bancada em Bissau. Mais um ato criminoso perpetrado a mando de um regime criminoso e caduco.
Perante os factos acima expostos, a Frente Popular faz uso deste meio para:
1. Reafirmar que o mandato presidencial de Umaro Sissoco Embaló terminou no dia 27 de fevereiro e, por conseguinte, o país se encontra num período de interinidade presidencial, à luz da Constituição da República;
2. Felicitar a missão conjunta de alto nível da CEDEAO e das Nações Unidas que esteve no país para facilitar o diálogo com vista a encontrar solução à crise aguda provocada pela teimosia e irresponsabilidade do usurpador e ditador Umaro Sissoco Embaló;
3. Repudiar a impostura de Sissoco Embaló de ameaçar a expulsão da delegação da CEDEAO/ONU, numa operação de desespero com o término do mandato, e assegurar aos parceiros da CEDEAO e Nações Unidas que essa atitude impostora do ex-presidente não engaja o povo guineense;
4. Encorajar a CEDEAO a prosseguir com celeridade e pragmatismo os seus esforços de facilitação de diálogo político na Guiné-Bissau, aplicando, sem complacência, os dispositivos do seu Protocolo de Democracia e Boa Governação, por forma a travar o plano de golpe constitucional de Embaló, em prol da credibilidade da organização;
5. Condenar com veemência os ataques dos milícias do regime caduco contra cidadãos, familiares, amigos e fãs do Américo Gomes, no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, num ato vergonhoso de desprezo pela memória do músico, cujas circunstâncias do desaparecimento físico ficam por se elucidar mediante a divulgação dos resultados da autópsia já realizada;
6. Condenar, sem reserva, o rapto de 4 jovens membros do Movimento Cívico Pó de Terra pelos agentes da Guarda Nacional e exigir a sua libertação imediata e incondicional;
7. Reiterar o compromisso de responsabilizar criminalmente o Ministério do Interior por crimes de raptos, sequestros e espancamentos de cidadãos guineenses sob ordens de um regime sem tutela e sem legitimidade;
8. Exortar as forças de defesa a manterem-se equidistantes das arbitrariedades e violências, marcas do regime caduco liderado pelo ex-presidente Umaro Sissoco Embaló.
9. Lembrar ao povo guineense que a hora é de ação contra uma ditadura que o impede de viver em liberdade, paz e com dignidade, e não de diversão, pois o seu futuro depende intrinsecamente do seu engajamento firme na luta pela liberdade, democracia e prosperidade.
Viva a República!
Viva a liberdade!
Viva a democracia!
Viva a unidade nacional!
Republika i anos!
Bissau, 3 de março de 2025