FONTE: RFI
PASCOAL, supostamente agredido
O Presidente guineense Umaro Sissoco Embaló realizou um encontro este domingo em Paris com a comunidade radicada em França. Um colectivo da diáspora denuncia intimidações e o espancamento de membros seus por seguranças do chefe de Estado quando estes o questionaram sobre a situação política no país. Iaia Barri Djassi testemunhou à RFI o ocorrido e denuncia terem ficado feridas sete pessoas, incluindo duas em estado grave, ainda sob tratamento hospitalar.
Uma queixa deve ser apresentada na justiça por sectores da diáspora guineense. E isto depois de o Presidente guineense ter mantido um encontro com a comunidade radicada em França no terceiro bairro de Paris na tarde deste domingo.
Sectores contestatários do regime do presidente guineense afirmam ter sido convidados pela embaixada em Paris para participarem no evento.
De acordo com o relato de Iaia Bari Djassi foram sujeitos a uma revista no local e impedidos de colocar perguntas a Umaro Sissoco Embaló, tendo sido instados, então, por agentes da segurança a deixar a sala, antes de serem espancados.
"A guarda presidencial usou da violência. E tinha alguns elementos [da diáspora] só porque estavam a questionar. [Os seguranças] pegaram-lhes pelo pescoço a empurar para sair da sala. E depois daí vimos que alguns elementos nossos estavam a ser espancados. Depois decidimos sair todos e aí eles estavam na porta. Afinal tinha sido tudo uma emboscada montada: onde cada um que estava a sair era espancado. E infelizmente foi um momento de muito, muito, muito horror ! E houve alguns elementos até que foram espancados em frente ao presidente. E ele estava lá sentado a assistir àquilo. E houve um momento em que foi mesmo o presidente que deu a orientação "Olha, leva esse !" E houve alguns elementos que levaram para a casa de banho, onde estava a acontecer o encontro e foram espancados na casa de banho. Infelizmente, até nesse momento ainda temos elementos nossos que estão no hospital e estão gravemente feridos. Hoje à tarde vamos apresentar uma queixa conjunta sobre esse acto bárbaro. Feridos graves são duas pessoas, mas depois temos para aí cinco feridos ligeiros. E entre essas pessoas temos pessoas com idade muito avançada e temos mulheres."
Nas redes sociais a presidência da república publicou uma série de fotografias de Umaro Sissoco Embaló com a diáspora. Na sua página Facebook pode ler-se que o encontro visava estreitar "os vínculos com a diáspora e ouvindo suas preocupações e sugestões. O encontro destacou a solidariedade ao chefe de Estado pelos avanços visíveis no desenvolvimento da Guiné-Bissau e reafirmou o compromisso com a transparência e o combate à corrupção."
Até ao momento as autoridades guineenses não apresentaram a sua versão do ocorrido, não obstante as múltiplas tentativas da RFI de comunicar com a presidência ou o consulado em Paris.
Iaia Bari Djassi, membro de um colectivo crítico em França da presidência guineense, lamenta o facto de as autoridades gaulesas não tomarem posição quanto ao que chama de uma tentativa de implementar uma "ditadura" na Guiné-Bissau.
"Países como a França, um país que é conhecido pelo respeito pelos direitos humanos... Acho que isso acontecer aqui na França, nós também nunca íamos com o número reduzido a esse encontro se sabíamos da emboscada. Se sabíamos que aqui em França iria acontecer um acto bárbaro deste tipo! Eu agora estou a ter a oportunidade de testemunhar isso. Eu estou a pensar naquelas pessoas anónimas que devem estar a sofrer e já sofreram o pior que nós sofremos aqui. Eu ver só porque o simples facto de discordar tem que induzir a violência não tem explicação nenhuma ! Fazemos parte de um colectivo aqui em França que desde 2019 e estamos a levar a cabo várias manifestações, pusemos em questão a seriedade do [Presidente guineense] Sissoco. E essa ditadura, Infelizmente nós vemos outros líderes mundiais que têm a mesma atitude com ele a tentar pelo menos esconder a imagem. Mas ele faz isso aos olhos de todo mundo para poder intimidar por explorar a ditadura no país. E infelizmente, estamos a ver que alguns líderes mundiais que podiam servir de exemplo e o aconselhar estão-lhe acompanhar nessa caminhada."
Assessores da presidência guineense foram contactados para reagir oficialmente ao ocorrido, estes descartam ter testemunhado qualquer violência, mas até ao momento não prestaram declarações.