FONTE: DEUTSCHE WELLE
O parlamento da Guiné-Bissau, dissolvido pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, desde dezembro passado, reabriu as portas para o expediente de funcionários, mas sem a presença de deputados, disseram à Lusa fontes da instituição.
Um funcionário, que não quis ser identificado, explicou à Lusa que o parlamento "foi reaberto por indicações da segunda vice-presidente", Satu Camará, "mas apenas para tratar dos assuntos internos" do órgão.
Uma outra fonte, ligada à administração do parlamento, referiu que os gabinetes "foram limpos e os funcionários estão a atender pessoas" que podem aceder ao edifício "sem qualquer problema".
No edifício ainda são visíveis policias, uma situação que a fonte administrativa diz ser "normal".
"A polícia não impede ninguém de entrar no edifício. É normal, o parlamento tem sempre polícias aqui", acrescentou a mesma fonte.
O presidente e o primeiro vice-presidente do parlamento guineense, Domingos Simões Pereira e Fernando Dias, respetivamente, encontram-se em Portugal.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento no dia 04 de dezembro passado, considerando que este era foco de instabilidade no país, na sequência de demissão ao Governo, que tinha saído de eleições legislativas antecipadas em junho do mesmo ano.
O líder do parlamento, Simões Pereira, defende que o órgão "está sequestrado por homens armados" a mando do chefe de Estado.
Sissoco Embaló tomou aquelas medidas na sequência de confrontos armados entre elementos da Guarda Nacional e das Forças Armadas, dias antes.
O edifício do parlamento, no centro de Bissau, esteve sempre vigiado por homens armados e o acesso negado a qualquer pessoa, nomeadamente funcionários ou deputados, que ainda tentaram entrar no dia 13 de dezembro, que foram impedidos pelas autoridades que lançaram granadas de gás lacrimogéneo contra os parlamentares.
O Presidente guineense considerou que a Guarda Nacional tentou levar a cabo um golpe de Estado ao ter retirado das celas dois membros do Governo acusados de corrupção.
A Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), que estava no Governo, rejeitou as decisões do Presidente, alegando que a Constituição da República não admite a queda do parlamento em menos de 12 meses após a sua constituição.
O Presidente guineense marcou para 24 de novembro próximo a realização de novas eleições legislativas antecipadas, embora perante a contestação de vários partidos e setores da sociedade civil.