FONTE: BANTUMEN
A Guiné-Bissau anuncia uma nova tentativa para reconhecer as Ilhas Bijagós como Património Mundial da UNESCO. Esta segunda candidatura, a ser apresentada a 1 de fevereiro, visa destacar o valor único e universal da biodiversidade destas ilhas guineenses emblemáticas.
A oficialização da candidatura foi anunciada por Aissa Regalla de Barros, diretora-geral do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), numa reunião que contou com várias entidades e representantes das comunidades locais. Uma década após a primeira tentativa, que não foi aceite pela UNESCO, a Guiné-Bissau reformulou a sua abordagem, focando agora em três das 88 ilhas dos Bijagós que são parques naturais: João Vieira e Poilão, Orango e Urok. As restantes ilhas atuam como zona tampão.
Esta estratégia visa realçar a biodiversidade única das ilhas, que são habitat de tartarugas, hipopótamos e um ponto de alimentação para aves migratórias. O dossiê, já finalizado e em fase de tradução para francês, será entregue na sede da UNESCOem Paris pelo ministro do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática, pela diretora-geral do IBAP e pela Embaixada da Guiné-Bissau em França.
A candidatura enfoca “ecossistemas costeiros e marinhos do arquipélago dos Bijagós” e é considerada “muito mais robusta” do que a anterior. A diretora-geral do IPAB destacou que foram abordadas as 12 recomendações da UNESCO, envolvendo limites, estatutos jurídicos, governação, desenvolvimento de outros setores, ameaças e o envolvimento das estruturas guineenses no processo.
A preparação desta candidatura incluiu a criação de um comité de pilotagem e várias reuniões com setores relevantes e comunidades locais, especialmente as Bijagós, para esclarecer a importância e o impacto de tal reconhecimento.
Embora haja dúvidas nas comunidades, especialmente entre os pescadores, Aissa de Barros enfatiza que as discussões continuarão para definir áreas de pesca permitidas e métodos adequados. A parte terrestre das ilhas foi excluída da candidatura devido às atividades agrícolas e de cajucultura, focando-se assim nos mangais, espécies migratórias e interações ecossistémicas marítimas e costeiras.
Os três parques naturais, centrais para a biodiversidade, são cruciais para a produtividade ecológica e têm impactos transfronteiriços. Eles são essenciais para a alimentação de aves migratórias, comunidades locais, pescas e reprodução de espécies ameaçadas como tartarugas marinhas, tubarões e raias.
Com 88 ilhas e ilhéus, dos quais 20 são habitados, estendendo-se por 2,6 quilómetros quadrados e com cerca de 33 mil habitantes, o arquipélago dos Bijagós é uma parte vital do território marinho e costeiro da Guiné-Bissau e representa uma riqueza ecológica e cultural inestimável.