FONTE: RFI
A União Africana (UA) suspendeu esta sexta-feira, 28 de Novembro, a Guiné-Bissau dos seus órgãos, dois dias depois do Presidente cessante Umaro Sissoco Embaló ter sido deposto e da tomada do poder pelos militares.
Em declarações à AFP, o presidente da Comissão da União Africana, Mahamoud Ali Youssouf, anunciou que a Guiné-Bissau foi suspensa da organização pan-africana. A decisão acontece dois dias depois dos militares anunciaram a deposição de Umaro Sissoco Embaló e a suspensão das eleições presidenciais e legislativas de 23 de Novembro, cujos resultados deviam ter sido publicados esta semana.
Na quinta-feira, a União Africana tinha vindo a público condenar “de forma inequívoca”, o alegado golpe de Estado na Guiné-Bissau, pediu “a libertação imediata e incondicional do presidente Embaló e de todos os responsáveis detidos” e “exortou todas as partes a agirem com a máxima contenção, de modo a evitar uma nova deterioração da situação”.
A junta militar que está agora no poder nomeou o General Horta Inta-a, antigo chefe do Estado-Maior do Exército, como presidente da transição, que deverá durar um ano.
Depois de ter sido inicialmente detido pelos militares, Umaro Sissoco Embaló chegou ao Senegal na quinta-feira. O candidato presidencial da oposição, Fernando Dias, que alega ter ganho as eleições, garantiu à RFI que está "seguro" e fala em “encenação”
A tomada do poder pelos militares foi amplamente criticada, principalmente pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que a denunciou como uma "violação dos princípios democráticos", e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que suspendeu o país de "todos os órgãos de decisão". Uma deleção de alto nível da CEDEAO , composto pelos Presidentes do Senegal, Cabo Verde e Serra Leoa, deve chegar amanhã ao país.
Ilídio Vieira Té é o novo Primeiro-Ministro
Em comunicado, o Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da Presidência da República informa que o Presidente da República de Transição, Major-General Horta Inta-a, nomeou, por decreto presidencial, Ilídio Vieira Té para o cargo de Primeiro-Ministro. Até agora, Ilídio Vieira Té exercia as funções de Ministro das Finanças.
A tomada de posse do primeiro-ministro guineense decorreu esta tarde no palácio presidência, em Bissau, e contou com a presença do Presidente de transição o General Horta Inta-a do novo chefe de estado-maior general das Forças Armadas, Tomás Djassi.
Inicialmente estava prevista uma sessão de perguntas e respostas, mas que acabou por ser cancelado. O Presidente de transição o General Horta Inta-a falou apenas para dizer que a cerimónia conferia posse ao novo chefe de Executivo Ilídio Vieira Té.
Domingos Simões Pereira está no Ministério do Interior
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC e PAI Terra Ranka, o advogado Octávio Lopes e Roberto Nbesba, presidente da Comissão Política do PRS para a região de Cacheu, permanecem no Ministério do Interior junto das Instalações da Segunda Esquadra em Bissau sob custódia.
Contactado pela RFI, Vailton Pereira Barreto, membro do colectivo de advogados de Domingos Simões Pereira, confirmou que o seu cliente chegou a receber ordem de libertação. No entanto, como exigiu que todos os restantes detidos tivessem o mesmo tratamento, a decisão acabou por ser revogada.
Esta manhã, alguns órgãos de informação avançaram que Domingos Simões Pereira teria recebido ordem para ser posto em liberdade, porém - avança a agência de notícias Lusa, esta foi imediatamente revogada, pela Polícia de Intervenção Rápida.