FONTE 👉 DEUTSCHE WELLE
O primeiro-ministro senegalês, Ousmane Sonko, falando ao Parlamento sobre a crise na Guiné-Bissau, declarou: "Não vou me estender sobre a situação da Guiné-Bissau. O ocorrido é competência do Presidente da República. O Governo já emitiu um comunicado a respeito. Não obstante, todos somos livres para opinar".
"O que aconteceu na Guiné-Bissau, como todos sabemos, é um complô (...). O processo eleitoral deve ser completado e a comissão deve anunciar o vencedor", acrescentou.
Em comunicado emitido na noite de quinta-feira (28.11), o Ministério da Integração Africana e dos Assuntos Estrangeiros do Senegal afirmou que, após uma série de negociações com "todas as partes interessadas na Guiné-Bissau", o Executivo "fretou um avião para viajar a Bissau", a capital. "Isso permitiu que o Presidente Umaro Sissoco Embaló chegasse são e salvo ao Senegal", destacou a nota oficial.
Os militares que tomaram o poder na Guiné-Bissau anunciaram nesta quinta-feira (28.11) que o até então chefe do Estado-Maior de Embaló será o novo líder do Governo de Transição, consolidando assim o golpe apesar das firmes condenações de organizações internacionais, como a UA ou a CEDEAO, e países africanos como África do Sul e Nigéria.
Golpe perto do anúncio dos resultados eleitorais
O general Horta N'tam, que se tornou o novo homem forte do país, foi designado para dirigir um período de transição de um ano pelo Alto Comando Militar para o Restabelecimento da Segurança Nacional e da Ordem Pública, como se intitula a junta militar no poder.
O suposto golpe de Estado ocorreu na véspera da publicação dos resultados provisórios das eleições gerais do último domingo (23.11), nas quais tanto o Presidente deposto e candidato à reeleição, Embaló, quanto o seu principal rival, o candidato independente Fernando Dias da Costa, tinham declarado vitória.
Eleito em 2019, Embaló governou em meio a constantes tensões políticas, rivalidades dentro das forças de segurança, acusações de complôs frustrados e suspeitas de interferência militar.
A Guiné-Bissau é considerado um dos países mais instáveis da África: desde sua independência de Portugal em 1974, sofreu quatro golpes de Estado (1980, 1998/99, 2003 e 2012).
Além disso, a sua costa atlântica a torna uma rota chave do tráfico de cocaína entre a América Latina e Europa, o que aumenta a pressão de redes criminosas sobre a vida política do país.
