sábado, 4 de outubro de 2025

OPINIÃO: A PRESIDÊNCIA DA GUINÉ-BISSAU

 FONTE: DUAS LINHAS

Com a aproximação das próximas eleições presidenciais e legislativas, a Guiné-Bissau enfrenta a hora da verdade. É o momento em que os guineenses devem olhar para o retrovisor da sua história política e tirar lições claras: compreender os erros, reconhecer as fraquezas e identificar, finalmente, os sinais de mudança.

Este exame radiográfico da Presidência guineense não é mero exercício académico; é uma reflexão política com valor estratégico. Porque, em política, não basta recordar: é preciso aprender para não repetir.

A Presidência e os seus fantasmas

Desde a independência, a nossa história presidencial tem sido marcada por ciclos de repressão, improviso e instabilidade.

Luís Cabral

Luís Cabral (1973–1980) representou a continuidade do PAIGC revolucionário, mas o seu regime foi rapidamente marcado pela repressão, prisões arbitrárias e perseguições. O golpe de 1980 foi a consequência inevitável.

João Bernardo “Nino” Vieira (1980–1999; 2005–2009) surgiu como herói do 14 de Novembro, mas governou com mão de ferro. O trágico 17 de Outubro de 1985 simboliza o autoritarismo da época. O seu longo ciclo foi marcado por corrupção, narcotráfico e instabilidade, culminando na guerra civil de 1998 e, mais tarde, na sua morte violenta em 2009.

Kumba Ialá (2000–2003) encarnou a alternância democrática, vindo da oposição. Carismático e populista, criou grandes expectativas. Mas a improvisação, perseguições e decisões arbitrárias transformaram o seu mandato em sinónimo de instabilidade, até ser derrubado por mais um golpe militar.

Nino Vieira

Malam Bacai Sanhá (2009–2012) foi visto como figura de diálogo e consenso. Porém, a sua saúde debilitada e a persistente ingerência dos militares impediram avanços estruturais.

Presidentes interinos – Henrique Rosa, Raimundo Pereira e Serifo Nhamadjo – simbolizaram períodos de transição, sempre sob pressão militar, sem capacidade de reforma.

José Mário Vaz (2014–2019) chegou com legitimidade democrática, mas o seu mandato ficou refém de crises políticas intermináveis. Cinco anos de bloqueio institucional e orçamentos paralisados deixaram o país mergulhado na estagnação.

A viragem com Úmaro Sissoco Embaló

José Mário Vaz

Foi neste contexto de fracassos sucessivos que surgiu Úmaro Sissoco Embaló (2019–presente), cuja Presidência marca, sem dúvida, um ponto de viragem na história política da Guiné-Bissau.

Diferente dos seus antecessores, Umaro Sissoco Embaló:

  • Impôs estabilidade política ao controlar de forma firme as Forças Armadas, afastando a ingerência militar que durante décadas condicionou a vida nacional.
  • Projetou o país no exterior, conquistando novas alianças na CEDEAO, União Africana, CPLP, União Europeia, países árabes e Rússia, aumentando a visibilidade e o respeito internacional da Guiné-Bissau.
  • Apostou em obras visíveis, com investimentos em infraestruturas e reabilitações que estão a transformar o rosto das cidades e vilas.
  • Combateu a paralisia institucional, exercendo o poder com firmeza e evitando os bloqueios que paralisaram governos anteriores.
  • Disciplinou as finanças públicas, introduzindo reformas e maior rigor na gestão do Estado.
Úmaro Sissoco Embaló

Em conclusão, Úmaro Sissoco Embaló foi o primeiro Presidente da República que implantou um verdadeiro “Projeto de Estado”.

Se olharmos para trás, vemos um padrão de instabilidade, autoritarismo, improviso e paralisia. Nenhum dos Presidentes anteriores conseguiu consolidar o Estado nem projetar a Guiné-Bissau no plano internacional.

É neste contraste que se revela a força política do presente: Úmaro Sissoco Embaló representa o primeiro verdadeiro projeto de Estado desde Amílcar Cabral. Ele quebrou o ciclo da instabilidade, disciplinou os militares, projetou a imagem do país e iniciou uma modernização visível.

O desafio agora não é apenas reconhecer esta viragem, mas consolidá-la. Porque a Guiné-Bissau não pode, mais uma vez, regressar ao passado de golpes, crises e paralisia.

A história mostrou o que falhou. O presente mostra o que funciona. O futuro dependerá da capacidade de manter a estabilidade e aprofundar a modernização. E isso é, hoje, a grande responsabilidade política da nação.

Seja um Vencedor. Aposta e Ganha

Jogue   Online em   👉   BWinners Jogue e ganhe com o Bwinners, têm muitos jogos online e são realizadas mais promoções semanalmente 💰 ? 15...