Hoje, celebramos Nelson Mandela, um ícone mundial da luta implacável pela liberdade, pela igualdade e pela dignidade humana.
Mandela dedicou a sua vida a combater sistemas de opressão, enfrentou a injustiça, defendeu o humanismo e escolheu a reconciliação como arma contra o ódio. O seu legado é um farol que ilumina o caminho para sociedades verdadeiramente justas e livres e que inspiraram os valores que nortearão a luta pela libertação e a construção da democracia na Guiné-Bissau.
Contudo, é com profunda indignação que constatamos que os valores que Mandela defendeu estão a ser brutalmente violados, especialmente na Guiné-Bissau.
Nos últimos anos, temos assistido a uma escalada intolerável de restrições ao exercício das liberdades essenciais constitucionalmente asseguradas a todos os cidadãos, bem como a casos graves e sistemáticos de violação dos direitos humanos fundamentais - incluindo a prática hedionda de tortura e de tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, atos repugnantes proibidos pelo direito internacional e pelas convenções que o país ratificou.
Neste dia em que celebramos o legado de Mandela, vários cidadãos guineenses encontram-se detidos ilegal e arbitrariamente, submetidos a condições desumanas e bárbaras, tudo isso perante o silêncio cúmplice e absurdo das autoridades judiciais competentes.
Estas ações não são apenas inaceitáveis. São crimes contra a humanidade. E o silêncio, neste contexto, não é neutralidade - é cumplicidade.
Estas violações são um ataque direto e cruel à dignidade humana, ao Estado de Direito e aos princípios básicos de justiça e humanidade. Ignorar esta realidade é compactuar com a opressão.
A celebração do dia de Mandela acontece numa altura em que os chefes de Estados e de Governos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão reunidos em cimeira em Bissau. A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) exorta-os a pronunciarem-se com firmeza sobre as graves violações dos direitos humanos na Guiné-Bissau e a interpelarem as autoridades nacionais no sentido de conformarem as suas atuações com os valores fundadores da CPLP, que promovem a paz, a justiça e a dignidade humana.
Neste Dia Internacional de Nelson Mandela, não basta recordar. É urgente denunciar, exigir responsabilização e mobilizar esforços para restaurar a justiça e a liberdade.
A ONU convoca cada cidadão a dedicar 67 minutos do seu dia a ações concretas de solidariedade, em honra dos 67 anos que Mandela dedicou à luta por um mundo melhor.
A LGDH exige das autoridades nacionais a imediata cessação de todos os atos ilegais contra os cidadãos, bem como um compromisso firme e inquebrantável na defesa dos direitos humanos na Guiné-Bissau, com ações concretas que garantam um futuro de liberdade, justiça e paz para todos os seus habitantes.
Que o espírito de Mandela nos inspire a todos a sermos vigilantes, corajosos e incansáveis na defesa da dignidade humana, hoje e sempre.
“A luta é a minha vida. Continuarei a lutar até ao fim.”
-Nelson Mandela
LGDH