quinta-feira, 6 de março de 2025

DSP À RFI: "Comissão Permanente da ANP deve liderar iniciativa de diálogo nacional"

 FONTE: RFI

Umaro Sissoco Embaló “já não é Presidente da República, no dia 27 de Fevereiro de 2025 chegou ao fim o seu mandato.” A afirmação é de Domingos Simões Pereira que acrescenta que quem deveria liderar o país até à realização de novas eleições, “é o presidente da Assembleia [Nacional Popular]”. O Presidente da ANP, deposto por Umaro Sissoco Embaló, defende que para se ultrapassar este impasse, “a Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular devia tomar a iniciativa deste processo”.

Domingos Simões Pereira garante que continua a ser Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, uma vez que segundo “a nossa Constituição, pode evocar-se a dissolução do Parlamento, mas o Presidente do Parlamento mantém-se em funções até à eleição de novos parlamentares. Eu não fui designado por ninguém, fui eleito pelos meus pares que saíram das últimas eleições legislativas.


Domingos Simões Pereira afirma que a CEDEAO está a “provar do próprio veneno” que os guineenses têm “vindo a consumir” desde que Umaro Sissoco Embaló chegou ao poder. O Presidente da Assembleia Nacional Popular - destituído pelo Presidente da Guiné-Bissau no ano passado e cuja destituição considera inválida – mostra-se preocupado com a ausência de comunicado final da CEDEAO sobre a saída debaixo de ameaça da missão de alto nível da organização presente em Bissau : “esse silêncio começa a ser demasiado ruidoso. Penso que a CEDEAO, se não se pronunciar e se não se posicionar de forma muito clara, irá sustentar a posição daqueles que dizem que começa a ser uma entidade irrelevante.


O líder do PAIGC e da coligação PAI - Terra Ranka defende que o mandato de Umaro Sissoco Embaló chegou ao fim no dia 27 de Fevereiro de 2025 e por isso “o cidadão Embaló já não é Presidente da República. Foi Presidente da República e assumiu a posse no dia 27 de Fevereiro de 2020 e no dia 27 de Fevereiro de 2025, chegou ao fim o seu mandato.


Questionado sobre quem deveria liderar o país até à realização de novas eleições, Domingos Simões Pereira é peremptório: “A Constituição da República é muito clara em relação a isso: é o presidente da Assembleia [Nacional Popular] e o presidente da Assembleia sou eu. Portanto, é essa a responsabilidade que eu tenho.


Todavia o ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau defende que para se ultrapassar este debate, “a Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular devia tomar a iniciativa deste processo, convocar as outras forças políticas e mesmo outras entidades da sociedade civil para uma plataforma de diálogo, inclusive a nível nacional, na qual as questões mais prementes seriam debatidas e procurar-se um consenso.


Domingos Simões Pereira acrescenta ainda que “se houver vontade política” as condições são facilmente reunidas na Guiné-Bissau para a realização de eleições o mais rapidamente possível. Um sufrágio ao qual está “disponível” para se candidatar “se o meu partido e a minha coligação mantiverem a escolha em mim… É um sim redondo e sem qualquer tipo de hesitação.


De acordo com a agência de notícias Lusa, a delegação da CEDEAO esteve em Bissau entre 21 e 28 de Fevereiro, tendo deixado o país na madrugada de 01 de Março sob ameaça de expulsão por parte do chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló. O chefe de Estado guineense também não terá reagido bem ao facto de a missão ter alterado o programa inicial e ter decidido ouvir a coligação que reúne partidos contestatários do regime, a Aliança Patriótica Inclusiva "Cabas Garandi".


A Guiné-Bissau vive uma crise política iniciada com a dissolução do parlamento em Dezembro de 2023 e a não realização de eleições legislativas, conforme manda a Constituição do país. O Presidente guineense anunciou eleições gerais para o próximo dia 30 de Novembro, contudo a oposição exige que o escrutínio seja em Maio, alegando que o mandato de Umaro Sissoco Embaló terminou no passado dia 27 de Fevereiro, cinco anos após a tomada de posse.


Por seu lado, Sissoco Embaló tem argumentado que o mandato termina a 04 de Setembro, dia que coincide com a data em que o Supremo Tribunal de Justiça encerrou o contencioso que se seguiu às eleições presidenciais de 2019, nas quais chegou à presidência da Guiné-Bissau.

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