FONTE: Rádio Sol Mansi
O comentador político da Rádio Sol Mansi, Rui Jorge Semedo, considera, hoje (29 de janeiro de 2025), que a recente posição do governo sobre marcação das eleições gerais é uma "estratégia política do presidente da República (PR) em influenciar as próximas legislativas e consequentemente garantir o segundo mandato".
Em conferência de imprensa, esta terça-feira (28), em Bissau, o governo da iniciativa presidencial propôs ao PR a marcação das eleições gerais para o dia 23 de outubro ou 25 de novembro do ano em curso, ano correspondente ao término da legislatura.
Para o analista, Rui Jorge Semedo, esta decisão deve-se à pressão de adversários políticos, cidadãos e alguns especialistas que têm crescido nos últimos tempos.
“É uma manifestação política daquilo que é a pressão legal por causa o prazo constitucional e legal que o governo está a ser confrontado, mas particularmente o presidente da República como uma figura determinante não só do ponto de vista constitucional, porque tem a prerrogativa de marcar as eleições, mas também como um dos grandes interessados nestas eleições, não nas presidenciais onde manifestou o seu interesse e com toda a movimentação política por parte dos grupos de o apoia, mas ao mesmo tempo tem interesse em poder influencias na constituição da XIIª magistratura”.
Rui Jorge sustenta ainda que “face à pressão que ultimamente tem estado a crescer dos adversários políticos da API – Cabas Garandi e PAI – Terra Ranka, e dos próprios cidadãos e alguns especialistas que tem estado a confrontar o presidente sobre o fim do seu mandado, no próximo dia 27 de fevereiro próximo, perante esta pressão que, embora a comunidade internacional aina da se pronunciou, mas é uma situação que as pessoas têm estado a acompanhar a par e passo”.
Em novembro último, o PR adiou as eleições legislativas ouvido governo que alegava as condições técnicas financeiras para a realização do escrutínio. Nesta altura os partidos opositóres do regime político no país têm desencadeado os protestos e manifestações que culminaram com a repressão policial contra manifestantes e alguns líderes políticos.
Em análise, Rui Jorge Semedo aponta para um maior risco a realização de eleições gerais com a atuais configurações da Comissão Nacional de Eleições e do Supremo Tribunal de Justiça.
Ele é da opinião que “este problema” seja resolvido, porque o país não pode continuar na ilegalidade “eterna”.
“Particularmente, desde que sejam criadas condições legais e estruturantes para repensar a configuração da CNE e as condições em que o STJ vive, é bom que se realizam realizadas as eleições gerais, porque não seria a primeira vez que serão realizadas no país desde já que existem soluções que vão organizar e validar o processo”.
No olhar do politólogo, se haver alguma garantia para a idoneidade destas instituições é um elemento importante o país ir às eleições gerais, mas caso contrário “talvez faz todo o sentido irmos para as legislativas” para ver como o parlamento vai ser configurado e teremos um governo que poderá vir a garantir a idoneidade e integridade das eleições e assim teremos as eleições presidenciais mais credíveis.
“Se estas são as eleições que vamos avançar para a realização das eleições teremos alguma dúvida por que poderá estar por detrás. (…) É necessário particularmente para os partidos políticos assim como a sociedade civil analisarem em que condições vamos às eleições”, sustenta o politólogo alertando para riscos que são evidentes para toda a população.
As eleições legislativas estiveram marcadas inicialmente para 24 de novembro de 2024 e, foram adiadas por falta de condições alegadas por governo, depois de ouvidos os partidos e a sociedade civil. Deste cenário político, segundo o ministro dos negócios estrangeiros, aponta para a necessidade de realizar as eleições gerais em 2025.