FONTE: RFI
Em conferência de imprensa sobre as celebrações, no sábado, dos 60 anos das Forças Armadas guineenses, o general Na Ntan o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, avisou que não será admitida “nenhuma perturbação” nesse dia.
As autoridades guineenses esperam as presenças de dignitários de vários países do mundo para assistir ao Dia das Forças Armadas que também servirá para celebrar o 51.º aniversário da independência da Guiné-Bissau.
“Vamos comemorar o nosso dia, quem quiser participar que participe. Não estamos a ameaçar ninguém, não vamos dizer nada a ninguém, mas não queremos nenhuma perturbação, não iremos admitir nenhuma perturbação”, declarou o general Biague Na Ntan, avisando que até ao dia 16 as Forças Armadas estão em prevenção nas ruas de todo o país.
“Não podemos impedir que ninguém faça o que bem entender, mas o que a pessoa encontra na rua é a sua sorte”, acrescentou.
Esta foi a reacção ao anúncio feito por duas coligações de partidos de realizar manifestações de rua a 14,15 e 16 de Novembro. O objectivo é protestar contra o que consideram falta de democracia e abuso do poder por parte do Supremo Tribunal de Justiça e do Presidente guineense.
As coligações dinamizadoras dos protestos são a plataforma PAI-Terra Ranka, liderada pelo actual presidente eleito do Parlamento guineense, Domingos Simões Pereira, e a Aliança Patriótica Inclusiva (API), coordenada pelo ex-primeiro-ministro Nuno Nabiam.
O Supremo Tribunal de Justiça indeferiu a candidatura da PAI-Terra Ranka às eleições legislativas antecipadas que deveriam ter lugar no dia 24 de Novembro, mas que acabaram por ser adiadas por falta de condições técnicas e financeiras e ainda não há nova data.
O antigo primeiro-ministro Baciro Djá, membro da API, avisou, no domingo, que se em 72 horas não fosse marcada uma nova data para as eleições legislativas, não haveria “16 de Novembro para ninguém”.
O Supremo Tribunal de Justiça indeferiu a candidatura da PAI-Terra Ranka às legislativas antecipadas - que acabaram por ser adiadas para data ainda a anunciar – porque considerou que a PAI-Terra Ranka não apresentou os documentos que lhe foram solicitados para provar a “validade da coligação” e ainda se “recusou a retirar das listas [de candidatos a deputado] Domingos Simões Pereira”.
O tribunal defende que Simões Pereira é indiciado num processo judicial pela alegada prática de crime de corrupção, enquanto o líder do PAIGC denuncia uma tentativa de o retirar das próximas eleições presidenciais. As eleições presidenciais também ainda não têm data, ainda que o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, remeta para Novembro de 2025, apesar de terminar o seu mandato em Fevereiro.
O STJ também exigiu a renúncia de militância de elementos do Madem G-15 integrantes das listas da API. Ora, o Madem está dividido em duas alas, uma que se posicionou do lado do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, para uma eventual candidatura ao segundo mandato, e outra que se opõe.
A mesma divisão também acontece no PRS, igualmente integrante da API, dividido entre a ala de apoiantes de Sissoco Embaló e a outra que não o apoia.