FONTE: RFI
Após quatro meses em Portugal, onde disse que estava a cuidar da sua mãe doente, Braima Camará regressou a Bissau no meio de alguma tensão.
No aeroporto de Bissau, a polícia não permitiu que os seus partidários se juntassem e expulsou os jornalistas que se encontravam à espera de Camará.
Braima Camará acabou por ser acolhido por um número restrito de simpatizantes que o acompanharam até à sede do Madem, no centro de Bissau, junto ao palácio da Presidência guineense.
Também aí as coisas não foram fáceis. A polícia mandou desmontar um palco que tinha sido aí montado onde Braima Camará iria falar aos seus apoiantes. O líder do Madem acabaria por falar a partir do pátio da sede do partido.
Na sua comunicação, respondeu a várias acusações contra a sua pessoa e dirigiu-se de forma particular ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló e ao ex-ministro da Defesa, Sandji Fati, que lidera o grupo de militantes que contestam a liderança de Camará.
Em relação ao Presidente Embaló, disse que as suas divergências são motivadas pelo facto de ter declarado publicamente que não o apoia para um segundo mandato se este não pedir esse apoio ao Conselho Nacional do Madem- G-15.
Em relação ao General Sandji Fati, Braima Camará afirmou que não poderia estar a falar em nome do Madem por estar suspenso do partido num período de dois anos.
Camará diz que o grupo que contesta a sua liderança só poderá realizar um congresso extraordinário, como anunciado para sábado, se for pela via da força.
Vários jornalistas foram expulsos do aeroporto onde se encontravam para cobrir o regresso de Braima Camará, como explicou à RFI Aguinaldo Ampa, director da Rádio Jovem.
"A ordem foi clara, para nó jornalistas, que devíamos abandonar aquele espaço. Veio uma viatura, cheia de agentes [policiais] para nos dizer que tínhamos de saír de lá. Disseram que não havia discussão e que a ordem tem que ser cumprida. Como não tínhamos outro mecanismo, fomos escortados daquele recinto até fora do aeroporto. Mesmo assim, insistimos em ficar na rotunda do aeroporto mas veio outro grupo de polícias nos dizer que não podíamos ficar ali. Fomos obrigados a sair e a voltar para os nossos órgãos. O que está a acontecer na Guiné-Bissau não é normal. Temos a obrigação de fazer chegar a informação. Como é que podemos ser impedidos de fazer um trabalho no espaço público de um país que escoheu democracia, que tem leis e dá liberdade aos profissionais da comunicação social? Não é normal o que está a acontecer na Guiné-Bissau. As pessoas que estão no poder devem reflectir e desistir das ordens que estão a dar porque isso não vai ajudar o país. A nível internacional, também não é uma boa imagem", relata o director da Rádio Jovem, Aguinaldo Ampa.