Irmãos de sangue, 38 anos depois

Meus camaradas de farda. No dia 15 de Julho de 1986, fomos juntos para a ilha de Bolama - éramos cerca de 700 homens e mulheres. Como não havia condições, regressaram a Bissau 600 homens e cinco mulheres, eu incluido. Em março de 1987 fomos para o centro de instrução militar de Cumeré para 3 meses de preparação. Ficaram 100 homens em Bolama - os fuzileiros.

O comandante era o major Isnaba Sambu, entretanto falecido. Destaco como instrutores os Fuzileiros Navais José Loa, Welguet entre outros brilhantes homens, praticamente todos formados em Portugal, na mítica Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro.

Entre várias marchas longas, 'visita' e dormida na vala comum, chorámos a morte de dois colegas (o 'doença na sono' e o 'peixe frito', ambos da 3ª companhia e do terceiro pelotão - a que eu pertencia).

Prestamos o juramento da bandeira com pompa e circunstância e atrevo-me a dizer que foi a 1ª mas também a melhor incorporação de sempre! Tínhamos de tudo e éramos felizes.

Fui então colocado no Batalhão de Infantaria Mecanizada de Gabu, onde cumpri mais 1 ano e 7 meses de serviço militar (entrando e saindo da cadeia...) mas servindo com honra e brio no comando do estado-maior, sob as ordens do Major Tchambu Mané (já falecido) e do chefe de estado maior do batalhão, Tenente Pedro Soares da Gama. O Comissário Político era o tio Kul Na Salu (também falecido). Bons tempos.

Os 38 anos passaram num ápice. E ainda bem. Abraço aos camaradas. António Aly Silva