FONTE 👉 DAKARSCOOP
O Presidente Umaro Sissoco Embalo diz que tomou esta medida por medo de uma escalada de violência no seu território, após confrontos mortais entre duas comunidades em Medina Gounass, na última segunda-feira, antes da celebração do Eid.
Os violentos confrontos ocorridos segunda-feira em Medina Gounass, uma cidade sagrada no sul do Senegal, entre duas comunidades muçulmanas rivais levaram o presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, a tomar uma decisão forte. Segundo informações divulgadas à AFP, o chefe de Estado ordenou na quarta-feira o encerramento de parte da fronteira entre o seu país e o vizinho Senegal.
Os confrontos sangrentos eclodiram no dia de Eid el-Fitr nesta localidade que acolhe todos os anos uma importante peregrinação da irmandade Tidiane. Opuseram os fiéis do califa Thierno Amadou Tidiane Ba, chamados “Futankés”, aos do marabu Thierno Mounirou Baldé, chamados “Gabunkés”. Uma morte e cerca de vinte feridos foram relatados de acordo com as autoridades senegalesas.
“Uma das comunidades pediu reforços a Gabunké Fulani que vive na Guiné-Bissau”, explicou o Presidente Embalo para justificar a sua decisão de fechar parcialmente a fronteira. “Tomei imediatamente esta medida para evitar qualquer escalada de violência”, acrescentou, especificando que “as forças de segurança do meu país garantem o respeito escrupuloso” destas restrições.
Esta decisão visa circunscrever um conflito com raízes antigas. Como salienta um observador local citado pela AFP, “as duas comunidades há muito que se opõem pelo controlo da grande mesquita” de Medina Gounass. “Acusam-se mutuamente de estarem na origem das tensões que causaram várias mortes no passado.”
Raros são os confrontos comunitários de tal violência no Senegal, conhecido pela sua tradição de paz entre irmandades muçulmanas. Medina Gounass, a cerca de sessenta quilómetros da Guiné-Bissau, vê, no entanto, convergir todos os anos milhares de peregrinos Tidiane, uma das irmandades mais importantes do país.
A decisão musculada do presidente da Guiné-Bissau visa assim conter uma fonte de violência susceptível de degenerar para além das fronteiras. Recorda os laços estreitos mantidos em ambos os lados da longa fronteira de quase 300 km que separa os dois Estados vizinhos.
