FONTE 👉 Jornal de Notícias
Segundo informação recolhida pelo JN, Manuel Irénio Nascimento Lopes, conhecido na terra natal por Manelinho, aterrou em Portugal num avião que fez a ligação entre Bissau e Lisboa e estava em direção à saída do aeroporto quando foi abordado pelos elementos da Autoridade Tributária e Aduaneira.
Estes pretendiam inspecionar as malas do deputado da Assembleia da Guiné-Bissau, mas Manuel Lopes opôs-se terminantemente, alegando que dispunha de passaporte diplomático e, consequentemente, também as suas malas não podiam ser vistoriadas.
A discussão prolongou-se e obrigou a Autoridade Tributária e Aduaneira a acionar a Polícia Judiciária que, quando chegou ao aeroporto, explicou ao deputado guineense que as malas diplomáticas cumprem um protocolo que não se verificava naquele caso. Os inspetores acrescentaram que o facto de Manelinho usufruir de imunidade diplomática não impedia a fiscalização das malas.
Logo depois, a bagagem do antigo presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau foi posta no aparelho de raio x e a análise rapidamente revelou 13 placas suspeitas. Aberta a mala, verificou-se que esta não guardava qualquer vestuário e tinha sido usada somente para esconder as 13 placas que se confirmaria depois serem de cocaína (avaliadas em mais de 500 mil euros)
Manuel Lopes foi detido e, nesta quarta-feira, levado ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para ser sujeito a primeiro interrogatório judicial. Neste momento, ainda não são conhecidas as medidas de coação aplicadas pelo juiz.
Grandes quantidades de cocaína
Em poucas semanas, esta é a segunda figura pública da Guiné-Bissau a ser detida no Aeroporto Humberto Delgado a traficar droga. No dia 24 de abril, foi o próprio Ministério Público guineense a dar conta que um procurador tinha sido intercetado, em Lisboa, com 200 gramas de haxixe na mala. Eduardo Mancanha estava de licença de serviço para estudar em Portugal, há mais de três anos, e foi suspenso de funções pelo Conselho Superior de Magistratura do Ministério Público.
Fontes ligadas à investigação do tráfico de droga esclarecem que, desde o início do ano, têm sido apreendidas, em Portugal, grandes quantidades de droga oriunda da Guiné-Bissau. Este facto leva as autoridades a desconfiar que, no final de 2023, chegou àquele país africano um barco carregado de cocaína que, agora, está a ser distribuída pela Europa. Muita dela através de Portugal.
Para evitar a fiscalização das Polícias europeias, já há muito tempo que os cartéis fazem os barcos que traficam cocaína a partir da América do Sul atracar na Guiné-Bissau, um entreposto tradicional na rota do tráfico.
Os mesmos cartéis também tentam aliciar figuras importantes do país para os esquemas de tráfico. Querem usar a imunidade diplomática de que muitos beneficiam para facilmente fazer chegar a droga ao mercado europeu e não se importam de pagar mais a estas “mulas” VIP.