FONTE: DEUTSCHE WELLE
Autoridades da Guiné-Bissau anunciam reforço de controlo no aeroporto, após detenção, em Portugal, de duas altas figuras do país por alegado tráfico de drogas. Antigo PGR apela ao esclarecimentos dos casos.
Em janeiro passado, Nuno Nabiam, antigo primeiro-ministro guineense e líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), disse que havia "droga em abundância" na Guiné-Bissau e apelou ao apoio da comunidade internacional para combater o tráfico.
Desde essa denúncia, vários cidadãos guineenses foram detidos dentro e fora do país, nomeadamente em Portugal, na posse de grandes quantidades de cocaína - reabrindo o debate sobre o fenómeno na sociedade guineense e a eficácia no combate à droga.
Em abril foi detido, no aeroporto de Lisboa, do Procurador da República guineense, Eduardo Mancanha, supostamente na posse de vários gramas de haxixe. Mais recentemente, na semana passada, foi detido no mesmo aeroporto Manuel Irénio Nascimento Lopes - conhecido como "Manelinho" - deputado eleito pelo Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), alegadamente com cerca de 13 quilos de cocaína. Também o 'Bacaizinho' - filho do malogrado presidente Malam Bacai Sanha - e ex-governante está detido no Texas (EUA) por envolvimento com o narcotráfico.
Apelos para rápidos esclarecimentos
"Manelinho" é um conhecido empresário e crítico do atual regime guineense. Um dia antes da sua detenção em Portugal, fez uma comunicação, em Bissau, na qual não poupou nas críticas a alguns membros do atual Governo pela sua conduta política.
Em declarações à DW África, o antigo Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Juliano Fernandes, considera preocupante a detenção de altas personalidades guineenses no estrangeiro em conexão com o tráfico de droga. E apela para que os casos sejam esclarecidos com a maior brevidade.
"É de absoluta importância, é indispensável que tudo fique clarificado o mais rápido possível. Não se pode colocar sobre a cabeça de ninguém o espectro da suspeição da prática de um crime grave ou não, de forma eterna. Portanto, a verdade tem de vir ao de cima, para que todos saibam o que é efectivamente se passou", pontua.