FONTE: VOA
Os camponeses da castanha de caju da Guiné-Bissau dizem que o preço base fixado pelo Governo para a compra do produto não está a ser observado.
A Associação Nacional de Importadores e Exportadores faz o balanço negativo das primeiras semanas da campanha de comercialização daquele que é o maior produto estratégico para a economia guineense.
O Governo de iniciativa presidencial fixou o preço em 300 francos CFA por quilograma, o que não tem acontecido.
Para evitar mais um fiasco na compra da castanha junto ao produtor, o que tem impactado diretamente na vida da maioria da população guineense nos últimos três anos, o Executivo já havia decidido fixar a base tributária em 800 dólares por tonelada, menos 100 dólares do ano passado. Mas, mesmo assim, até aqui, a situação não está a jogar a favor dos camponeses, disse à Voz de América o presidente da Associação Nacional dos Agricultores (ANAG):
“Até aqui é negativa”, disse Jaime Bolges, quem defende, por outro lado, que a sua organização está isenta de qualquer responsabilidade sobre os sucessivos fracassos da campanha de comercialização da castanha de caju.
Jaime Bolges reagia assim a algumas opiniões, segundo as quais, a ANAG, pouco ou nada tem feito para ajudar no sucesso das campanhas.
“O que é que ANAG pode fazer? O que é que a ANAG tem em manga para fazer? A ANAG não tem nada. O que a ANAG pode fazer é exigir o Governo. Ele é a autoridade”, concluiu Bolges.
Até aqui não há ainda qualquer abordagem do Governo sobre o desenrolar da campanha.
Amadu Iero Djamanca, presidente da Associação dos Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau, afirma ser possível mudar a situação negativa da campanha, mas é preciso mobilizar fundos para empresários nacionais.
“É preciso mobilizar e colocar fundos na mão dos operadores económicos nacionais, não operadores sazonais, mas, sobretudo, os que estão a operar na Guiné-Bissau debaixo de sol, chuva, e mesmo perante a areia de Sahara. É preciso mobilizar dinheiro e colocá-lo à disposição destes empresários, porque a fileira de caju está organizada”, defende Djamanca, para quem se as medidas forem observadas terão impacto positivo na presente campanha de comercialização da castanha de caju.
Com as previsões de exportação anual, a variar entre 170 a 2 (tas) e 50 mil toneladas, o economista Santos Fernandes não tem dúvidas que o caju é a vantagem comparativa que a Guiné-Bissau dispõe.
“Mas para que tenha o máximo rendimento para a economia nacional, o especialista defende uma forte aposta na industrialização, na produção e no investimento no setor agrícola,
”Investir menos nos sectores não produtivos. Isto é, pagamento de custos operacionais aos operadores privados, devia-se tratar os produtores da castanha de caju como Reis e não como parente socialmente pobre. De igual modo podia-se estabelecer uma estratégia de transformação estrutural da castanha, à semelhança da Costa do Marfim que instituí 15% para transformação da sua produção local que actualmente chega a 1 milhão de toneladas”, defende Santos Fernandes..
A campanha de comercialização da castanha caju foi aberta a 15 de março deste ano.