"Juntamo-nos. No 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Nós, autoconvocadas. Mulheres da Guiné-Bissau, de diversos segmentos da sociedade: mães, esposas, filhas, tias, avós, jovens raparigas, juristas e de várias profissões, partidos, horticultoras, bideiras, domésticas, das barracas, representando a maioria das associações e movimentos da sociedade civil focados em questões de género.
Não nos é permitido manifestar para celebrar e/ou confraternizar no Dia Internacional da Mulher, as manifestações estão proibidas. Por isso vestimo-nos de branco e colocamos um pano na boca, porque amordaçadas, em plantão nos órgãos de soberania e em silêncio. Nosso gesto é de agravo perante a grave crise política que se vive no país, onde, mais uma vez, os homens se digladiam pelo controlo do poder, enquanto nós, as mulheres, não somos nem tidas nem achadas. Ninguém parece querer ouvir nossa fala, nossa voz, nossos receios, perante a atual tensão política.
Mas, “NÃO PODEMOS CONTINUAR CALADAS”.
Também somos filhas desta terra, como os homens. Para além disso, somos mães. Ignorar a posição das mulheres conduz ao exacerbar das tensões inerentes à matchundadi, e conduz inexoravelmente à guerra. Basta! Está na hora de nos ouvir.
“Humanas com Direito, juntas somos fortes"
Numa realidade extremamente complexa para as mulheres e para as questões de género, a nossa vestimenta de branco simboliza o nosso DIREITO À ESTABILIDADE E À PAZ. Mas também nossa recusa em aderir a mais um regime ditatorial, não reconhecido pela constituição, bem como nosso receio perante o ambiente de medo e insegurança, que faz a população voltar a temer o pior.
Silêncio porque não estamos a confraternizar, nem a celebrar o 8 de março, e não o faremos enquanto aqueles que deveriam proteger-nos e honrar os compromissos assumidos perante nós e toda a população, nos mantiverem negligenciadas. Pois, neste Dia Internacional da Mulher, é essencial realçar as ameaças que ainda enfrenta a igualdade de género, mas também as corajosas iniciativas que buscam superar esses obstáculos. Não nos é permitido sequer comemorar o 8 de março. Simbolizar como estamos reduzidas ao silêncio, parece a melhor forma de o manifestar, pacífica e passivamente.
Estamos aqui bastantes, mas numa parte representativa da mobilização possível para uma FRENTE ÚNICA da Mulher Guineense: por nós, nossa família, e para que os nossos filhos possam crescer num ambiente de tranquilidade, paz e estabilidade, e, por direito próprio, almejar o progresso da Guiné-Bissau.
“Humanas com Direito, juntas somos fortes"
Neste 8 de Março, no nosso cansaço e na nossa desesperança, a NOSSA FALA, a NOSSA VOZ, é para o Mundo, para realçar a necessidade vital da solidariedade internacional e do apoio dos doadores na promoção da igualdade de género e da democracia na Guiné-Bissau. Apelamos aos parceiros internacionais, encorajando a um apoio tangível e significativo às mulheres guineenses.
Neste 8 de março, colocamo-nos de plantão junto aos muros dos edifícios dos órgãos de soberania, endereçando em silêncio aos políticos e à sociedade em geral, nossas lamentações, apreensões, indignação e dor, considerando: as violações dos direitos humanos e restrições de liberdades dos cidadãos com que somos confrontadas diariamente; os confrontos políticos carregados de ameaças e sem conteúdo ou significado relevante para a melhoria da situação das populações; a lenta destruição das conquistas democráticas realizadas ao longo do período pós independência tais como o direito à diversidade de opinião, o direito à manifestação e a liberdade de imprensa, esta que vem sendo gradualmente restringida, manipulada e até violentada.
“Humanas com Direito, juntas somos fortes”
Perante a situação de tensão que se vive atualmente e o seu imprevisível desfecho, não podemos manter o silêncio. Por isso, Nós, Mulheres, posicionamo-nos em nome de todo o povo guineense, com a finalidade de chamar a atenção de toda a classe política e castrense, para que assumam suas responsabilidades de proporcionar um ambiente seguro e de estabilidade.
Perante este catastrófico cenário político, social e económico, surge o propósito de lançar aqui e hoje o movimento "MÁTRIA GUINÉ-BISSAU", como um sinal de esperança e união de mulheres. Uma determinação coletiva em enfrentar adversidades e estimular transformações significativas a favor dos direitos e do bem-estar das mulheres e das suas famílias, que possa servir também como um modelo inspirador com possibilidade de escalonamento para a sub-região. "Mátria Guiné-Bissau" representa um apelo direcionado à sociedade guineense, aos parceiros internacionais. Em coesão e resiliência "Mátria Guiné-Bissau" para mostrar que as mulheres guineenses estão prontas para liderar a mudança necessária. Porque juntas, podemos transformar a solidariedade em ação, assegurando que as vozes das mulheres guineenses sejam amplificadas e que a sua busca por justiça e igualdade seja apoiada e reconhecida globalmente.
Que o Dia Internacional da Mulher sirva como lembrete da luta contínua pela igualdade de género e pela democracia, uma luta que nos une globalmente.
'Humanas com Direito, juntas somos fortes'”
sexta-feira, 8 de março de 2024
Dia Internacional das Mulheres - “HUMANAS COM DIREITOS, JUNTAS SOMOS FORTES”
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