FONTE: PÚBLICO
Líderes da África Ocidental mudam estratégia e levantam sanções a Níger e Guiné-Conacri e restrições ao Mali. Organização regional quer evitar que países da Aliança dos Estados do Sahel deixem o bloco
A primeira página desta segunda-feira do diário nigerino L’Enqueteur está toda ocupada com o levantamento das sanções económicas ao país, bem como ao Mali e à Guiné-Conacri. “O Níger, e por extensão a AES, estará pronto para um regresso à CEDEAO?”, pergunta-se na manchete inspirada no editorial assinado pelo director da publicação, Soumana Idrissa Maïga.
A decisão dos líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reunidos no fim-de-semana na Nigéria, que incluiu também “o levantamento das sanções económicas e financeiras contra a República da Guiné” e “o levantar de restrições ao recrutamento de cidadãos da República do Mali para posições em instituições da CEDEAO”, é a reacção do bloco ao anúncio de saída da organização dos países da Aliança dos Estados dos Sahel (AES), o grupo de três países dirigidos por juntas militares que assinaram um acordo de cooperação em matéria de defesa.
Da reunião à porta fechada dos líderes da CEDEAO saiu o fim imediato do encerramento de fronteiras, do congelamento dos activos do Estado e do banco central e da suspensão das transacções comerciais no Níger. O comunicado justifica a decisão com razões humanitárias, mas trata-se de uma jogada política para sentar os líderes das juntas militares à mesa e evitar a amputação do bloco de três dos seus membros. Aliás, o próprio comunicado “exorta ainda os países a reconsiderar a decisão tendo em conta os benefícios que os Estados-membros da CEDEAO e os seus cidadãos desfrutam na comunidade”.