FONTE: LUSA
Uma alegada rede de emigração clandestina, que estaria a usar a Guiné-Bissau como "trampolim", foi apanhada pelas autoridades guineenses, que anunciaram hoje a detenção de 25 pessoas, incluindo o cabecilha, todas do Bangladesh.
o anúncio do desmantelamento da alegada rede foi feito pelo comissário nacional da Polícia de Ordem Pública (POP), Salvador Gomes, que especificou, em conferência de imprensa, ser o resultado de uma operação policial denominada "Falcão", em que foram detidos alegados responsáveis e vítimas e apreendidos documentos e dinheiro.
De acordo com o comissário nacional da Polícia, um dos detidos é o considerado cabecilha da rede e "recebia valores avultados", ainda em investigação, mas que "rondariam os 20 mil (18.265 euros) a 25 mil dólares (22.832 euros) por pessoa" para fazer chegar os migrantes à América do Sul, a maioria à Nicarágua", usando a Guiné-Bissau como "trampolim".
Salvador Gomes indicou que vão prosseguir as investigações sobre este caso que "implica a falsificação de vistos e outros documentos".
Além dos 25 cidadãos do Bangladesh detidos, nesta operação foram recuperados 51 passaportes, 18 mil dólares (16.439 euros), seis títulos de Autorização de Residência na Guiné-Bissau e seis cadernetas falsas do mesmo documento.
As detenções ocorreram na sexta-feira, na sequência de informações recebidas nos Serviços de Migração, Estrangeiros e Fronteiras da presença em Bissau, no bairro Militar e no bairro de Ajuda, de cidadãos do Bangladesh.
As autoridades tiveram conhecimento de que esta alegada rede internacional já teria levado, a 05 de dezembro, um grupo de 14 cidadãos do Bangladesh para fora da Guiné-Bissau.
O Ministro do Interior da Guiné-Bissau, Botche Candé, esteve na manhã de hoje com os detidos, que apresentou aos jornalistas, depois de terem sido retirados das celas do comando dos serviços de Migração, Estrangeiros e Fronteiras, em Bissau.
O governante notou que estava no local apenas para efetuar uma visita, mas não para fazer justiça do caso e deixou algumas questões aos detidos.
"Como podem algumas dessas pessoas tratar o Título de Residência no sul e no leste da Guiné-Bissau, sem saberem onde ficam essas localidades?", questionou Botche Candé.
Um porta-voz do grupo de detidos disse que toda a operação em que se viram envolvidos é legal.
"Estamos cá para preparar operações de importação do arroz e do óleo alimentar para a Guiné-Bissau e a polícia foi lá à nossa residência e prendeu-nos", disse o porta-voz do grupo.
Um outro elemento afirmou que se encontra na Guiné-Bissau para fazer turismo, ao que foi questionado pelo ministro porque não estava hospedado num hotel.
"Vim-me juntar aos meus compatriotas do Bangladesh", disse o indivíduo, que pediu para que o deixem provar a veracidade das suas afirmações.