FONTE: RFI
Indira e Iva Cabral, filhas de Amílcar Cabral, querem retirar o corpo do pai da Fortaleza de Amura para um cemitério municipal. Dizem que o pai "não pode continuar preso num quartel", mesmo depois de morto. Declarações que surgem depois das autoridades da Guiné-Bissau terem impedido uma delegação do PAIGC de depositar coroas de flores na campa do líder histórico.
Está instalada a polémica à volta da figura de Amílcar Cabral, o fundador da nacionalidade guineense e cabo-verdiana. No sábado, os militares, alegando ordens superiores, proibiram uma delegação do PAIGC de depositar um coroa de flores na campa de Amílcar Cabral, no Quartel General do Exército na Fortaleza de Amura.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, no domingo, assumiu a autoria da decisão, para, segundo ele, "evitar teatro e cinema à campa de Amílcar Cabral". As filhas de Cabral, Indira e Iva Cabral, dizem agora que querem retirar o corpo do pai da Fortaleza de Amura para um cemitério municipal, por considerarem que o pai "não pode continuar preso num quartel", mesmo depois de morto.
Indira Cabral Embaló, filha mais nova do líder histórico, disse à RFI ser um cúmulo proibir as pessoas de acederem à campa do seu pai. Ela aponta para a proibição, feita por militares, no sábado, a uma delegação do PAIGC, partido fundado por Amílcar Cabral, que queria chegar ao mausoléu nacional onde repousa o corpo de Cabral.
Na delegação estavam dois antigos camaradas de armas de Cabral, os comandantes Lúcio Soares e Duki Djassi, salientou Indira Cabral Embaló.
Para evitar que situações do género se repitam, Indira Cabral Embaló e Iva Cabral, filha mais velha de Amílcar Cabral, que vive habitualmente em Cabo Verde, vão exigir das autoridades de Bissau que os restos mortais do seu pai sejam transladados para o Cemitério Municipal ou para o cemitério de Antula, nos arredores da capital guineense.
Indira Cabral Embaló entende que estando num desses cemitérios será fácil visitar a campa de Cabral e homenageá-lo sem precisar de qualquer autorização. As filhas de Amílcar Cabral notam que por ser um homem que lutou pelo povo guineense e cabo-verdiano, o seu corpo não pode ser fechado num aquartelamento militar.
No domingo, ao homenagear Cabral, por ocasião do 51º aniversário do seu assassínio, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló colocou um termo “à romaria” de partidos e pessoas individuais à campa dos heróis nacionais. Doravante, disse Sissoco Embaló, a homenagem a Cabral só será feita pelo Estado guineense ou por visitantes estrangeiros.