FONTE: INFORPRESS
Cabo Verde conta com 10.869 estrangeiros residentes, equivalente a 2,2% da população total estimada, em 2021, em 491.233 habitantes, com a população imigrada distribuída por 7.309 agregados familiares, revela o primeiro Inquérito à População Estrangeira e Imigrante.
Iniciativa da Alta Autoridade para a Emigração, em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o primeiro Inquérito à População Estrangeira e Imigrante (IPEI), ainda na sua fase de socialização, concluiu que, à data do inquérito, estes agregados familiares representavam 4,9 por cento (%) do total dos aglomerados no território nacional.
Em média, as famílias estrangeiras são compostas por três pessoas, com a particularidades das comunidades da Guiné (Conacri) e São Tomé e Príncipe serem as de maiores números, ambas com uma dimensão média de, aproximadamente, quatro pessoas.
Os agregados familiares com apenas um estrangeiro são, na sua maioria, não conjugais, correspondente a 58,8%, dos quais se destacam os unipessoais (38,8%), seguidos de monoparentais nucleares (9,2%) dos sem ou com outro parentescos (8,0) e dos monoparentais compósitos (2,7%).
Esta é mais expressiva nas comunidades do Senegal, Nigéria e Guiné-Bissau, com 38,2%, 34,16% e 31,2%, respectivamente, sendo certa que as monoparentais se destacam nas comunidades de santomense (22,6%), portuguesas (24,4%) e Angolanas (21,6%).
Ainda, de acordo com o estudo, os restantes 41,2% são agregados tipo conjugais, sendo 26,0% do tipo conjugal nuclear, 9,3% tipo casal isolado e 6,0% conjugal compósito.
Os agregados representados pelos homens são maioritariamente do tipo unipessoal, retratando cerca de 43,6% e conjugal nuclear (27,6%), e os expostos pelas mulheres são, na sua maioria, do tipo unipessoal, com 24,7%, monoparentais nuclear, 24,0% e conjugal nuclear 21,2%
Os Imigrantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) lideram a lista dos estrangeiros no País, seguidos dos da Europa, sendo que a maioria da população imigrante estrangeira residente é proveniente da África (65%), dos quais o grosso é originário da região (58.7%), com predominância da Guiné-Bissau, seguida do Senegal, da Nigéria e da Guiné (Conacri).
A população estrangeira é maioritariamente masculina, traduzida em 7.431 indivíduos (68,4%) contra 3.438 mulheres.
Entre os países da região da CEDEAO destacam-se os nacionais da Guiné-Bissau com 36,3%, do Senegal (10,9%), da Nigéria (4,7%), da Guiné (2.9%), mas de seguida surgem os europeus com 17,1% liderados com maior peso por Portugal (8,9%) e Itália (3,7%).
Os estrangeiros do continente americano figuram em terceiro lugar representando 8,3% do total dos estrangeiros, com destaque para os brasileiros com 3,5% e os norte-americanos 2,3% .
Dos dados recolhidos, 4,8% dos estrangeiros são da Ásia, com destaque para os chineses (4,6%) e cerca de 2,9 são apátridas.
Para a presidente da Alta Autoridade para a Imigração, o estudo confirma as tendências anteriores e reforça os dados em como a maior parte dos imigrantes vem da África Ocidental, seguidos dos da Europa e de outros países africanos.
Carmen Barros salientou que a população imigrante, em termos de escolaridade, está equiparada à população nacional, mas que existe o sentimento da discriminação (acima dos 30%) e que há um grande desejo em obter a nacionalidade cabo-verdiana, mas o sentimento de integração é muito elevado, acima dos 80%.
Quanto ao mercado de trabalho, a taxa de atividade dos imigrantes é superior ao nacional, na ordem dos 80%, a quota do desemprego é muito baixa (2%), dados que para o ministro do Estado, Família, Desenvolvimento e Inclusão demonstram que “o país está comprometido com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, dos quais oito destes estão diretamente ligados à mobilidade humana”.
Fernando Elísio Freire sustentou a tese em como o arquipélago “tem uma política imigratória devidamente alinhada com as melhores práticas internacionais”.
Cabo Verde, segundo o governante, conta com 6.016 imigrantes inscritos no quadro do Cadastro Social Único, a beneficiarem de todos os apoios sociais, designadamente, o Rendimento Solidário, a Inclusão Produtiva, a Pensão Social e o Rendimento Social.
Já o presidente da Plataforma das Comunidades Africanas Residentes em Cabo Verde, José Viana, considerou, em declarações à Inforpress, que o estudo vai ao encontro das projecções, mas que não basta a “plena integração das comunidades emigradas se ela não for acompanhada da inclusão social adequada”.
A plataforma defende uma maior oportunidade de acesso aos mercados de trabalhos, em circunstância com os cidadãos nacionais, pois esclareceu que a alta taxa de empregabilidade dos cidadãos estrangeiros da CEDEAO são, por larga maioria, por conta própria nos comércios informais, sem acesso a bens como seguros.