Por: Mamadu Baciro Baldé
NÃO SÃO NANIAS, MAS COMERCIANTES, BUSCADORES DE LUCRO
Estou com dificuldades em qualificar a associação que alguns estão fazendo da "resistência" de comerciantes em manter o pão a preço 200 fcfa, em vez de 150 xof, como ordenado pelo governo, ao fato de serem "estrangeiros". Coloquei a última palavra entre aspas, porque muitos dos chamamos de nanias não são estrangeiros. Devem ser legalmente considerados guineenses, seja pela sua duração no nosso país, seja por já terem tido filhos nascidos na Guiné-Bissau, como acontece com muitos diaspóricos guineenses no seu país de acolhimento. Mas vamos ao que interessa.
Onde já se viram comerciantes/operadores económicos abrindo mão do seu lucro em nome de patriotismo? Onde já se viu esta dicotomia entre comerciantes patriotas e não-patriotas? Então, abandonem a ideia de que se os fazedores/vendedores de pão fossem nacionais a postura seria outra. Puro engano. A resistência poderia ser mais dura e contundente em razão de serem nacionais e terem direitos iguais aos do resto da população.
Trata-se de questão puramente económica e longe de ter a ver com isto de os produtores/vendedores serem supostamente estrangeiros. Será os chamados de nanias, que não fazem nem vendem pão não são também vítimas desta alta de preços do referido produto. Não deixem transparecer a xenofobia que muitos já não conseguem esconder.
O escandaloso, até demais, neste caso, é o comportamento do dito presidente que, atuando fora do seu campo de ação, como sempre fez, insta a estes para praticarem este preço, numa tentativa de minar os esforços do governo em mitigar o sofrimento do povo. Não permitam a concretização do desejo único e primário de Sissoco: o de associá-lo aos fulas ou muçulmanos ou vice-versa. Façam todo o esforço necessário para evitar isso.
A primeira e única aposta de Sissoco é garantir, por meio de qualquer astúcia possível, o sustentáculo político de muçulmanos ou pelo menos dos fulas, mesmo que isso lhe pareça cada vez mais difícil de conseguir. Ele não consegue convencer ninguém com ideias construtivas, se não com dinheiro ou laços de afeto e/ou comunitários.
Estamos em vésperas das presidenciais e ele se sente sozinho, abandonado. Portanto, não deixem os planos dele funcionarem. Vamos gerí-lo, até porque o que já engolimos dele é muito mais do que ele é capaz de nos fazer engolir. A vontade dele é destruir tudo, é suicida.