sábado, 23 de dezembro de 2023

"Pomos roupa no chão e dormimos em cima": 13 pessoas estão a viver no aeroporto de Lisboa

FONTE: SIC NOTÍCIAS

Deixaram pra trás a Guiné-Bissau, na esperança de que a vida em Portugal fosse melhor, mas vivem num sítio por onde outros passam em escala. Sem condições para dormir ou descansar e sem privacidade, só comem graças às refeições que a PSP lhes leva.

Há 13 pessoas a viver no aeroporto de Lisboa. São cidadãos estrangeiros que pediram asilo a Portugal e não têm lugar nos centros de acolhimento que estão cheios. A PSP reconhece o problema e diz que o comunicou ao Governo. A SIC falou com dois jovens, da Guiné-Bissau, que estão nestas condições.

Têm 21 e 26 anos. Deixaram para trás a Guiné-Bissau, na esperança de que a vida em Portugal fosse melhor, mas vivem num sítio por onde outros passam em escala. Sem condições para dormir ou descansar, sem privacidade, sem espaço para a higiene diária e só comem graças às refeições que a PSP lhes leva.

“Estamos na zona internacional, dormimos e comemos ali. Durmo no chão. É difícil. Pomos roupa no chão e dormimos em cima”, explicaram à SIC.

E lamentaram:

“Dormimos no chão. Temos frio, às vezes tapamo-nos. O nosso país não é estável, por isso vemos para cá”.

Fugir por medo

Foram até ao centro de acolhimento, do antigo SEF, agora gerido pela PSP, falar com as advogadas.

"O meu país não é estável, há sempre problemas. Há uma tribo que é perigosa, que ameaça constantemente. Foi por isso que fugi”, disse.

Confirmam que falaram com as advogadas, mas que elas não puderam dizer nada e, por isso, continuam ser respostas.

Com o fim do SEF, a PSP ficou com a competência de autorizar entradas em Portugal e os refugiados passaram para a recém-criada Agência para a Integração Migrações e Asilo. É a esta entidade que cabe avaliar se as pessoas têm condições para ficar sob proteção.

Dois organismos diferentes, com duas tutelas diferentes, a Administração Interna e os Assuntos Parlamentares. Até aí, o SEF geria todo o processo. Dava autorização que permitia a entrada temporária e um protocolo com o centro português para os refugiados e pensões permitia encaminhar as pessoas quando os centros de acolhimento estavam, como estão agora, cheios.

"Isto acontece porque o processo está em apreciação, estas pessoas não lhes pode ser admitida entrada em território internacional. A lei o que define é que têm de aguardar em zona internacional e nós o que estamos a fazer é que estas pessoas consigam ter um espaço nos centros de instalação."

Depois de recusada a entrada em Portugal, muitos pedem asilo, alegando que lutam pela sobrevivência.

Contactada pela SIC, a Agência para a Integração Migrações e Asilo garante estar muito preocupada com a situação e diz que está a demorar três dias a dar uma resposta aos pedidos de asilo, menos do que aquilo a que a lei estabelece. Lembra ainda que a gestão do aeroporto não é da sua competência.

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